A vida do
ex-deputado, líder operário-camponês Floriano Bezerra de Araújo é
densa de glórias quase inalcançáveis para quem provém do meio campesino e se vê
de frente com lutas sociais emancipatórias, numa ótica de radicais reformas
estruturais no país. O golpe civil-militar de 1964 destruiu o que socialmente
virtuoso havia sido construído. Retrocedeu a história, estancando o avanço
democrático. Perseguiu, exilou, prendeu, torturou e assassinou milhares de
brasileiras e brasileiros. Despencou a nação num profundo e brutal abismo de
corrupção, vaidade, luxúria, hipocrisia, cinismo e desmandos, do qual ainda
hoje tanto padece. Vejam o texto de memórias de Floriano Bezerra, que hoje
transcrevo e compartilho com vocês.
REFLEXÕES
QUASE PROFÉTICAS (Natal, 1961)
"Vice-Presidente
eleito da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias do Estado do Rio Grande do
Norte, fui elevado à Presidência da entidade, substituindo o companheiro
Francisco Plácido das Chagas, eleito Tesoureiro Geral da CNTI, sede no Rio de
Janeiro, para aonde teve de viajar e morar, investido da nova/elevada função
sindical.
Minha
posse/despedida de Plácido, aconteceu com massiva representação dos nossos sindicatos
filiados, além de muitas pessoas gradas da sociedade e afins do processo
político/social e cultural de Natal.
Na solenidade do evento, bons discursos tiveram
ensejo. Porém o ato alcançou grande elevação com a retórica brilhante, lírica,
entusiasta e proficiente dos Doutores Alvamar Furtado e José Daniel Diniz, e do
jornalista Genival Rabelo. Três reflexões concisas – alto padrão retórico –
plenas de racionalidades sociopolíticas, quase proféticas do que viria
acontecer no país no ano de 1964".
(Floriano
Bezerra de Araújo in “MINHAS TAMATARANAS – LINHAS AMARELAS – MEMÓRIAS – Editora
Sebo Vermelho, 2009, pág. 265)
(Foto: Floriano Bezerra de Araújo,
seu filho Renan
Ribeiro de Araújo e o poeta Cauby, por ocasião da noite de autógrafos
e lançamento de "Minhas Tamataranas - Linhas Amarelas - Memórias")
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